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Dores

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Saquarema, 23/12/2023 ...e amores Hoje é aniversário da minha mãe. Ela completa 89 anos, lúcida e com boa saúde! Estamos reunindo o máximo de pessoas da família para celebrar esta data especial e o Natal, como fazemos todos os anos, desde que éramos (seus cinco filhos), crianças. Hoje somos todos casados, demos a ela 13 netos e alguns destes netos já deram a ela alegria de ter 10 bisnetos. Já escrevi alguns textos em homenagem á minha mãe e a outras pessoas desta família grande, barulhenta, que passou  por alguma dificuldade na vida, mas jamais sentiu a dor da  fome. Esta dor terrível que ainda acontece mundo  afora e que voltou a crescer no Brasil!  Infelizmente milhares de crianças jamais tiveram a chance de conviver com suas mães, de sentir este amor infinito. Ao contrário, enfrentam dia a dia as dores do abandono e da fome.  Foi pensando nelas que escrevi o texto a seguir. Não sou poeta. Apenas tentei expressar o que sinto ao encarar a fome que atormenta tantas vidas. Republico hoj

Panarício

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  Uma das pessoas mais sábias que encontrei na vida foi,   sem dúvida, minha sogra Augusta Grynszpan. Uma mulher simples, dona de casa, sem curso superior, que enfrentou a perda da mãe e assumiu o comando da pequena família (ela, dois irmãos, além do pai), em Nilópolis, Baixada Fluminense, praticamente aos 14 anos de idade. A dor da perda e a reponsabilidade que assumiu a partir daí, no entanto, não mudaram sua essência. Talvez tenha tido momentos de revolta, mas sua capacidade para enfrentar os problemas, sempre disposta a lutar por si e pelos outros, a transformou numa pessoa acolhedora, com uma visão de mundo inteiramente oposta a tudo que o mundo até então havia lhe oferecido. Casada com um polonês, herói de guerra - Chil Grynszpan -   teve três filhos e continuou sua batalha por longos anos. Ajudava nos papéis, nos documentos da loja de móveis do marido, cuidava da casa, dos filhos, cozinhava maravilhosamente bem e, apesar de não trabalhar mais como auxiliar de enfermagem, como

Vida, rascunho e surpresas

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Então é Natal. Estamos, finalm ente, chegando ao final de 2022. Um ano em que, mais uma vez, comprovei que a vida não tem rascunho. Por mais que tenhamos planejado, traçado nossas metas, há sempre uma caixinha surpresa batendo à nossa porta. Se tivermos muita sorte, as surpresas serão sempre boas, mesmo que a princípio possam não parecer assim. Ontem, dia 23.12, minha mãe completou 88 anos e recebemos mais uma dessas 'caixinhas'. Saímos cedo, eu e meu marido, rumo ao ortopedista para uma consulta de avaliação - eu me recuperando de uma cirurgia para colocação de prótese no joelho, feita em abril - e ele de um edema ósseo no pé direito. Apesar de ambos ainda sentirem muita dor, saímos felizes com o parecer médico dos dois. Eu fui liberada para caminhar, até mesmo na areia - e ele ficou livre da bengala, que carregava há meses. Saiu até ensaiando uma dancinha pelas ruas com a bengala, cantando' I'm singing in the rain.'...uma figura! Até aí, o dia corria como o espera

Brasil, a árvore das nossas vidas

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Estamos a 18 dias do primeiro turno da eleição presidencial que, certamente, mostrará ao mundo que país é este. Mais do que isto: estamos a um passo de expor, sem cortes, quem é de verdade este povo que, desde que nasceu, encanta ‘gregos e troianos’. Um encantamento que inicialmente pode surgir apenas pela beleza física do brasileiro – resultado da mistura de tantas raças – ou pelos nossos talentos, nossa malemolência, musicalidade, alegria, sangue bom, criatividade e garra. Infelizmente, nos últimos anos, sente este encantamento somente quem está do outro lado da fronteira, quem ainda lança sobre nós um olhar romântico e fantasioso. Não que na nossa essência não tenhamos tudo isto. Sempre fomos um povo com todas estas e muitas outras qualidades. Mas hoje, só quem é brasileiro, só quem ainda vive aqui, sabe, como diz o poeta, ‘a dor e a beleza de ser o que é”. O que todos nós, brasileiros, temos encarado diariamente são as dores da fome, da miséria, do descaso, da insegurança, da violê

Príncipes, rainha, bispo e cupidos - uma fábula em 2022

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Era uma vez uma menina que, desde antes de nascer, teve a vida envolta pelas fábulas. Seu nome foi escolhido pela sua mãe, grávida de alguns meses, ao assistir  o filme "O Feitiço d’Aquila," (originalmente,  ‘ Ladyhawke’- A Mulher Falcão), que conta  a história de um amor impossível.  O  bispo de Áquila  (John Wood),  descobre que a sua amada, 'Isabeau'  (Michelle Pfeiffer) , está apaixonada por um cavaleiro. Enciumado, o bispo resolve lançar uma maldição sobre o casal.  Durante o dia 'Isabeau' se transforma em um falcão e à noite  Etienne Navarre  (Rutger Hauer),  o cavaleiro, toma a forma de um lobo. Assim, 'Isabeu' e seu amado não podem se entregar um ao  outro. A menina da nossa história de hoje foi batizada Isabel, como a heroína do filme. No entanto, teve mais sorte que a Mulher Falcão.   Alguns de você s já a conhecem de outros textos que publiquei.  O primeiro deles foi "A menina que andava nas nuvens e o gigante", em julho de 2014. 

Nêga, está online? Sete, seis, cinco....

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Eu e Ângela em João Pessoa (2012 - fomos para o casamento do sobrinho Gabriel, com Gabriela)                                                      Quando eu era pequena lá em Barra Mansa - dois meses antes de completar três anos de idade -  Ângela, a caçula dentre os cinco irmãos Pelegrineti Lourenço, nasceu. Dizem as más línguas de plantão que eu aprontei um berreiro fenomenal, que eu não me conformava e não aceitava a nova irmã de forma alguma! Gente, cresci com este peso na consciência, me achando a mais egoísta das criaturas!! Qualquer briguinha que rolasse entre a gente, vinham logo dizer: 'a Mariza não se conforma de ter perdido o trono de caçulinha'! Só me "liberei do trauma"  e tive a certeza que minha reação foi a mais normal do planeta, quando nasceu minha filha Gabriela. Tiago, até então o caçula, não queria que eu a amamentasse! Era preciso que o pai se trancasse com ele na sala, enquanto eu dava de mamar. Durante todo o tempo ele esmurrava a porta, chorand